domingo, 8 de março de 2009

Realeza nas Ruas

Houve um tempo em que o presidente da Republica ficava na porta do Teatro esperando a sua vedete favorita sair do trabalho. Outro frequentava as boates da moda do Rio, ia às premiéres do Municipal e até passeava no calçadão. Quando a capital se mudou para Brasília a moda entre os poderosos passou a ser esconder-se nos frios palácios de Niemeiyer e contato com o povo, só do alto de um palanque. Para Luís XIV, só falta a peruca.
Deve ser muito triste condenar-se a viver cercado de uma corte que só lhe diga sim e parabéns. Perder as delícias de ser contrariado , de encararar o diferente de frente, ser aplaudido ou até vaiado. E isso não vale só pára os políticos; tem artista que só põe o pé na rua com o assessor de imprensa, o maquiador e o personal stylist, que, convenhamos, não gongarão jamais sob pena de perder o santo salário do fim do mês.
Foi assim na famosa festa de Madonna em dezembro último, em São Paulo, em que ninguém podia se aproximar da diva sob o olhar fuzilante de seus oito seguranças. Madonna não conheceu ninguém novo, não foi apresentada a nenhuma novidade e só dançou mesmo com seus bailarinos e sua equipe. Vez por outra, colocava seus óculos escuros, será que era pra dormir? Eu teria morrido de sono.
Um Marido que só a ache bonita, inteligente e maravilhosa, que não tenha um 'ai' pra falar de você, que mande flores todo santo dia, que não dispute o controle remoto da TV (afinal, ele gosta de tudo o que você vê), ou, pior, que a chame de 'filhinha' - é ou não é caso de divórcio? E o amigo que diz amém pra tudo o que você faz, não importando se você ganhou na loto ou parou na linha de trem?
Outro dia, saindo pra comprar pão em Paris, me deparo com a ministra da economia, Christine Lagarde, chegando para despachar com o presidente a bordo de sua bicicleta. Nem sinal de batedores, policiais, sirenes aos gritos. Todo mundo sabia que era ela, e, claro, virava o rosto para assistir às suas pedaladas, mas sempre com cara de estar diante da coisa mais normal do mundo - e lá deve ser mesmo.
Quando o prefeito do Rio vai à estréia de 'Tom & Vinícius', toma chope e assiste aos fogos em Copacabana; quando o governador vai ao cinemae janta num restaurante lo-ta-do deixando os seguranças do lado de fora, como fez no domingo passado, eles se arriscam ao franco julgamento de plebe, que tem o poder soberano de aplaudir ou jogar-lhes uma sapatada.
Eles devem voltar para seus palácios felizes por terem pelo menos uma noite como pessoas 'normais' - que, aliás, eles não são. Tem gente que acha demagogia e marketing; e pode até ser. Beijo, me liga, até amanhã.

Bruno Astuto

2 comentários:

Luise disse...

A-D-O-O-R-E-I-!

Diih Fagundes. disse...

Amei aquele deseinho lá em cima [tá, admito, não sei o nome disso]. Amo-te.